terça-feira, 25 de maio de 2010

O Direito de Brincar

Visitei uma família no último final de semana e fiquei frustrada com a conversa sobre a educação dos filhos, como crêem que não podemos fazer nada contra a pressão da sociedade. Acreditam que não tem como evitar que uma criança de 5-6 anos já seja um super-mega-ultra jogador de video game. Como me parece ridículo ouvir o orgulho dos pais em dizer "meu filho tem 5 anos e já sabe abrir o computador e pesquisar na internet", porém, nem sabe andar de bicicleta ou sequer subiu numa árvore. Meu filho é um ET por que tem 5 anos e nem quer saber de computador? será?

Filho dá trabalho e nos faz aprender todos os dias. Temos que lidar com nossas neuroses, ansiedades, medos e inseguranças. Nos colocam a prova o tempo todo. Qual mãe não se viu numa situação em que o pensamento foi "e o que eu faço/digo agora?".



Bem, mesmo antes de ter filho sempre pensei que a criança-resultado é fruto das atitudes, exemplos e aducação dos pais. Essa responsabilidade é grande, mas não deve ser um peso. Para mim é uma motivação para mim também procurar ser uma pessoa melhor, melhor para mim, melhor para minha família, melhor para a sociedade que eu desejo.

Agora lembrei de comentar uma coisa: estes dias fui ao centro com o Ramon para comprar o presente de aniversário do Papai. Foi uma manhã divertidíssima, passeamos, conversamos, olhamos muitas coisas e como era uma dia diferente, aceitei o pedido de comer no MacDonalds. Claro que já estava com o plano B definido, por que o objetivo de comer por lá era somente para ganhar o bichinho do MacLanche Feliz. O restante a mamãe aqui teve que consumir porque ele só come as batatas fritas (ainda bem). Foi então que ao chegarmos no caixa a atendente perguntou: "Pão, carne e queijo?" e prontamente o Ramon respondeu: "Carne, queijo e alface!" Uma senhora ao lado me olhou com cara de espanto: "Ele falou alface???"

Pois é, falou sim. Aliás, adora um prato bem colorido onde não pode faltar tomate, alface, beterraba, cenouras e por aí vai. Quer dizer.... criança come verdura sim!

Essa introdução está ficando longa demais. Queria apenas dizer oi e sugerir a leitura do texto abaixo que recebi de uma amiga. Foi escrito por um jornalista da Folha. O grifo em algumas frases é nosso. Boa leitura.


                                                                    O Direito de Brincar




Na contramão do mercado, um seletíssimo grupo de escolas particulares de São Paulo, incapaz de atender a todos os pedidos de matrícula, criou uma prova para selecionar candidatos a vagas de ensino fundamental e médio. O chamado “vestibulinho” – uma das preocupações até há pouco exclusivas da elite paulistana, disposta a bancar uma mensalidade acima de R$ 1.000,00 – tornou-se, na semana passada, foco de uma polêmica nacional.

Com direito a apoio do ministro Cristovam Buarque o Conselho Nacional de Educação recomendou a proibição dos “vestibulinhos”. Motivo: os testes gerariam em crianças tão pequenas uma ansiedade destrutiva, abalando-lhes a auto-estima.
           
Mas será que a responsabilidade do estresse é das escolas que aplicam os testes ou dos pais que submetem seus filhos ao processo de seleção precoce?
 
Por conta da busca de sucesso, uma tendência se espalha na sociedade – e explica, em parte, porque os pais submetem seus filhos ao “vestibulinho”.
 
Crianças de famílias mais ricas têm um cotidiano de executivo, ocupadas de manhã até de noite.  (tadinhos...).Tudo isso em nome do futuro, mais precisamente do vestibular, porta para as melhores faculdades.
 
Talvez não exista como substituir o vestibular enquanto houver, nos cursos mais concorridos, mais candidatos do que vagas – aliás, é exatamente isso que ocorre no seletíssimo grupo de escolas que aplicam o “vestibulinho”, disputadas porque as famílias confiam em sua qualidade.
 
Mas o vestibular como instrumento de avaliação de aptidões é inútil; mede, no máximo, conhecimento passageiro e descartável.
 
Educar é ensinar o encanto da possibilidade, e aprender é sentir a emoção da descoberta. Gostar de aprender sempre é melhor (e o mais útil) que uma escola pode ensinar a seus estudantes. O resto é detalhe.
 
Somente progride, de verdade, em sua profissão quem gosta de aprender; basta ver o histórico das pessoas que atingiram o sucesso profissional.
 
Ansiosos, os pais querem que seus filhos aprendam rapidamente a ler e escrever, quando deveriam apenas saborear a contação de histórias.
 
As crianças ganham computadores e são obrigadas a brincar com jogos educativos; muitas são submetidas a programações culturais maçantes. Quando crescem, são empurradas para os mais diferentes tipos de curso complementar.
 
Obviamente, nada contra programações culturais, domínio da leitura, da escrita e da informática ou contra os cursos de línguas. O problema surge quando se atinge, em nome do futuro, o direito de brincar – e se arrisca, então o próprio futuro.
 
Brincar é, em essência, experimentar a emoção da descoberta. É surpreender-se investigando, no cume da árvore, as frutas e as flores. É admirar as conchas da praia, olhar os peixes no rio, sentir o gosto da chuva no rosto, sujar-se na lama, entrar nas cavernas. Ou, simplesmente, ficar sem fazer nada vendo as coisas, quaisquer coisas passarem, entretido com o canto de um pássaro. É cutucar a terra, descobrir a minhoca cortá-la em pedaços e ver as várias partes se contorcerem.  É ficar sentado, intrigado com as cores do arco-íris.
 
Na brincadeira, unem-se o prazer e o aprendizado. Todos os profissionais que conheci trabalham como se estivessem brincando. Até podem gostar de ganhar muito dinheiro, mas, provavelmente, fariam o que fazer (e com o mesmo empenho) por pouco dinheiro.
 
Dizem que a exceção confirma a regra, mas ainda não vi, neste caso, a exceção: quanto mais longe vai o indivíduo, mais prazer ele tem naquilo que faz. Por isso ele suporta tanto estresse e frustração – o preço que é cobrado pelo alto desempenho.
 
Mesmo que curse a melhor faculdade e tire ótimas notas, o estudante não vai muito longe se não tiver aprendido, dentro ou fora da escola, onde está o melhor de si próprio. Isso significa que o pior que pode acontecer a um adulto é matar sua criança brincalhona.
 
Para ser um profissional razoável, estudo e empenho já são um bom caminho. Para ser bom, além de estudo e empenho, exige-se talento e intuição. Mas para ser inovador e superar os patamares da excelência, é preciso, além de tudo isso, sentir sempre e intensamente a emoção da descoberta – ou seja, gostar de brincar.
 
Gilberto Dimenstein

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Sentar e meditar. Só isso.

Oi,

Quero compartilhar com vocês este programa que vem recheado de convites. Convites a perceber os sutilezas da natureza aprendendo como as crianças da escola Waldorf (escola Arco Íris em Porto Alegre onde meu filho estuda - percebam a bela do pátio), convite para fazer tai chi chuan na praça e mara, simplesmente, meditar.

Aproveitem. Clique aqui.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Conquistas de criança

Depois que crescemos nos tornamos exigentes "prá caramba" em relação a nós mesmos, não valorizamos nossas habilidades e sempre estamos atrás da perfeição. Nos esquecemos das maiores conquistas de nossas vidas, os primeiros passos, segurar uma colher sozinho e acertar o alvo (a boca) sem derramar, alcançar o trinco da porta ...


Pois me dei conta de tudo isso ao vivenciar momentos mágicos estes últimos dias com meu filho Ramon que vai fazer 5 anos em julho. Prá começar, dia 02.05 ele andou de bicicleta sem as rodinhas de apoio. Que vitória! Puro equilíbrio. Alguns vai-e-vem, uma queda e outra, mas foi um pedalar confiante.

Já há alguns dias vinha me pedindo para mostrar como escrever o nome dele. Ontem, após o jantar, perguntou: "Mãe, escreve meu nome". Escrevi numa página no gibi da Mônica e ele copiou direitinho. Nossa, o coração bateu forte, eu não conseguia deixar de olhar para o rostinho dele com muita admiração. Perguntei por que ele queria escrever seu nome e me respondeu: "Por que eu quero escrever meu nome nos desenhos que faço na escola e não mais a professora". Pediu-me uma folha em branco, fez um desenho e tal qual a professora escreve, lá, no mesmo cantinho, foi ele desenhar o nome .... esqueceu do A, mas tudo bem, fez de cabeça, sem colar.

Na escola, os desenhos mostram o impressionante desenvolvimento. Na semana passada, riscos e rabiscos, alguns círculos para desenhar uma tartaruga. Agora ele já constrói uma linda paisagem, com uma linda araucária, nuvens, chuva, arco-íris e muitos detalhes.




E para completar a semana, se é que ainda temos dois dias pela frente e muita coisa pode acontecer, hoje de manhã na aula de natação o vi dando as primeiras braçadas de nado crawl. Já mergulha como um golfinho e está cada dia mais confiante dentro da água. Falta pouco para ser um campeão.



Comentários de uma mamãe mais do que coruja, mas tudo bem. Para os grandinhos que estão lendo, se o exemplo deste garotão servir de um despertar para o simples e para o belo, já estou satisfeita, por que para mim, foi uma lição. Não precisa ficar perfeito e não preciso saber de tudo, é preciso tentar.


Com carinho,


Angelita L. Walter