quarta-feira, 1 de junho de 2011

O significado da Pedagogia Waldorf nos tempos atuais

A importância da Pedagogia Waldorf é maior hoje do que na época do seu surgimento no início do século. A afirmação é da representante da Associação Internacional dos jardins de Infância Waldorf no Brasil, a pedagoga Christa Glass. Ela acredita que a humanidade evoluiu na área tecnológica e científica, mas deixou muito a desejar quanto ao aperfeiçoamento de valores morais.

Todo o aparato tecnológico veio para poupar o tempo e facilitar a vida das pessoas e isso tem sua validade. Entretanto, a falta de desenvolvimento na consciência levou a exageros como o de querer educar a criança por meio de computador já na pré-escola. Não é que os recursos tecnológicos não devam ser usados, eles podem ser empregados, desde que na hora certa. Uma criança na pré-escola anseia por exemplos vivos para aprender a lidar com o próprio corpo e com a própria vida. Nenhuma máquina pode desempenhar esta função – só mesmo o ser humano. Em sua palestra, Christa descreveu as crianças de hoje: “Elas estão mais acordadas, presentes, acabam de nascer e nos olham com um grande ponto de interrogação, então acreditamos que são super inteligentes e que temos que ensinar-lhes muitas coisas”. Mas será que ensiná-las a manusear artefatos eletrônicos é uma verdadeira preparação para o futuro? Segundo Christa, preparar para o futuro é justamente um dos objetivos da Pedagogia Waldorf, e não só para o futuro individual: o que se tem em vista é contribuir também para a própria evolução da humanidade. Para isto é fundamental buscar a essência humana e compreender como essa essência pode desabrochar.

Christa Glass questionava em sua palestra: “O que de fato é essencial ao ser humano? É poder competir melhor, fazer o vestibular, ser Doutor e ganhar muito dinheiro? Ou encontrar o seu campo de atuação dentro da sua proposta de vida e crescer no seu processo individual de evolução? A Pedagogia Waldorf acredita na segunda hipótese e desenvolveu recursos pedagógicos para atingir essas metas, como por exemplo, o uso de materiais naturais e brinquedos artesanais, a narração de contos de fadas, a abordagem artística de conteúdos teóricos, entre outros procedimentos. Tais recursos não colocam a criança fora da realidade, como pensam alguns. Pelo contrário, dão a ela uma rica vivência interna e imagens que a fortalecem psiquicamente, tornado-a apta a enfrentar a dura vida moderna.

O nosso tempo cultua as máquinas. Apesar do aparente progresso que elas representam, a sociedade se mostra cada vez mais desumana e mais perto de casos de violência, adolescentes envolvidos com drogas, gravidez precoce, suicídios e total perda de valores e respeito pelo ser humano. É por isso que a Pedagogia Waldorf criada em 1919, é mais atual do que nunca – ela busca, acima de tudo, conectar crianças com o que há de mais humano em seu interior.

*Texto extraído do Informativo da Escola Pólem em BH.

2 comentários:

Marcinha disse...

O grande problema que vejo em tentar mostrar isto aos pais que não vivem a Pedagogia Waldorf é justamente este argumento de que queremos que nossos filhos vivam fora da realidade ou que a escola Waldorf protege demais a criança.
Reflito: será que não temos (pais) a obrigação de proteger a infância? Será que nossos filhos serão pessoas melhores se tiverem contato precoce com toda a podridão que há na mídia e na sociedade? Será que temos que violentar crianças de 10 anos com propaganda contra o preconceito homossexual, quando elas nem ainda tem formado sua identidade como ser humano e muito menos sua identidade sexual?
Acredito piamente que educação sexual se dá em casa, creio que neste caso específico o MEC está colocando os pés pelas mãos. Quanto a tecnologia, acredito que há hora e lugar e principalmente idade para ter acesso e uso de tudo isto. Criança tem que brincar, testar seus limites com o corpo, pintar, cantar...
O resto é o resto... e pode esperar mais um pouco. Ou não?

Angelita Walter disse...

Marcinha, este tem sido assunto recorrente nas reuniões de pais na escola. No encontro de ontem na Querência, que inclusive foi ótimo e esclarecedor, percebemos que os reflexos, as consequências que percebemos nos adolescentes e muitos adultos e na sociedade doente de hoje, são fruto do não brincar, da falta de tempo para a infância, do amadurecimento do corpo físico e anímico, do respeito as etapas do primeiro setênio e por aí vai.
Penso que a nossa decisão de trilhar um caminho diferente e investir nisso para o bem de nossas crianças só tem a dar certo. O futuro é nosso cumplice!

Obrigada pelo comentário.
Beijo grande. Boas férias!