A importância da Pedagogia Waldorf é maior hoje do que na época do seu surgimento no início do século. A afirmação é da representante da Associação Internacional dos jardins de Infância Waldorf no Brasil, a pedagoga Christa Glass. Ela acredita que a humanidade evoluiu na área tecnológica e científica, mas deixou muito a desejar quanto ao aperfeiçoamento de valores morais.
Todo o aparato tecnológico veio para poupar o tempo e facilitar a vida das pessoas e isso tem sua validade. Entretanto, a falta de desenvolvimento na consciência levou a exageros como o de querer educar a criança por meio de computador já na pré-escola. Não é que os recursos tecnológicos não devam ser usados, eles podem ser empregados, desde que na hora certa. Uma criança na pré-escola anseia por exemplos vivos para aprender a lidar com o próprio corpo e com a própria vida. Nenhuma máquina pode desempenhar esta função – só mesmo o ser humano. Em sua palestra, Christa descreveu as crianças de hoje: “Elas estão mais acordadas, presentes, acabam de nascer e nos olham com um grande ponto de interrogação, então acreditamos que são super inteligentes e que temos que ensinar-lhes muitas coisas”. Mas será que ensiná-las a manusear artefatos eletrônicos é uma verdadeira preparação para o futuro? Segundo Christa, preparar para o futuro é justamente um dos objetivos da Pedagogia Waldorf, e não só para o futuro individual: o que se tem em vista é contribuir também para a própria evolução da humanidade. Para isto é fundamental buscar a essência humana e compreender como essa essência pode desabrochar.
Christa Glass questionava em sua palestra: “O que de fato é essencial ao ser humano? É poder competir melhor, fazer o vestibular, ser Doutor e ganhar muito dinheiro? Ou encontrar o seu campo de atuação dentro da sua proposta de vida e crescer no seu processo individual de evolução? A Pedagogia Waldorf acredita na segunda hipótese e desenvolveu recursos pedagógicos para atingir essas metas, como por exemplo, o uso de materiais naturais e brinquedos artesanais, a narração de contos de fadas, a abordagem artística de conteúdos teóricos, entre outros procedimentos. Tais recursos não colocam a criança fora da realidade, como pensam alguns. Pelo contrário, dão a ela uma rica vivência interna e imagens que a fortalecem psiquicamente, tornado-a apta a enfrentar a dura vida moderna.
O nosso tempo cultua as máquinas. Apesar do aparente progresso que elas representam, a sociedade se mostra cada vez mais desumana e mais perto de casos de violência, adolescentes envolvidos com drogas, gravidez precoce, suicídios e total perda de valores e respeito pelo ser humano. É por isso que a Pedagogia Waldorf criada em 1919, é mais atual do que nunca – ela busca, acima de tudo, conectar crianças com o que há de mais humano em seu interior.
*Texto extraído do Informativo da Escola Pólem em BH.
2 comentários:
O grande problema que vejo em tentar mostrar isto aos pais que não vivem a Pedagogia Waldorf é justamente este argumento de que queremos que nossos filhos vivam fora da realidade ou que a escola Waldorf protege demais a criança.
Reflito: será que não temos (pais) a obrigação de proteger a infância? Será que nossos filhos serão pessoas melhores se tiverem contato precoce com toda a podridão que há na mídia e na sociedade? Será que temos que violentar crianças de 10 anos com propaganda contra o preconceito homossexual, quando elas nem ainda tem formado sua identidade como ser humano e muito menos sua identidade sexual?
Acredito piamente que educação sexual se dá em casa, creio que neste caso específico o MEC está colocando os pés pelas mãos. Quanto a tecnologia, acredito que há hora e lugar e principalmente idade para ter acesso e uso de tudo isto. Criança tem que brincar, testar seus limites com o corpo, pintar, cantar...
O resto é o resto... e pode esperar mais um pouco. Ou não?
Marcinha, este tem sido assunto recorrente nas reuniões de pais na escola. No encontro de ontem na Querência, que inclusive foi ótimo e esclarecedor, percebemos que os reflexos, as consequências que percebemos nos adolescentes e muitos adultos e na sociedade doente de hoje, são fruto do não brincar, da falta de tempo para a infância, do amadurecimento do corpo físico e anímico, do respeito as etapas do primeiro setênio e por aí vai.
Penso que a nossa decisão de trilhar um caminho diferente e investir nisso para o bem de nossas crianças só tem a dar certo. O futuro é nosso cumplice!
Obrigada pelo comentário.
Beijo grande. Boas férias!
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